terça-feira, 26 de maio de 2015

Vinculo pela fé acima da carne

by on 17:18



            Há um fato narrado pelos quatro Evangelhos sobre Jesus que sempre me deixou incomodado e para o qual não havia encontrado uma explicação satisfatória. Trata-se da chegada da Mãe e dos irmãos de Jesus que chegaram para encontra-lo enquanto ele pregava ao povo.  Marcos o coloca bem no inicio da vida publica de Jesus.
Mc. 3

31 Então chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo.

32 Havia muita gente assentada ao seu redor; e lhe disseram: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram".

33 "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?", perguntou ele.

34 Então olhou para os que estavam assentados ao seu redor e disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos!

35 Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe". (Mt 12,46-50; Lc 8,16-21)


            Incitando suas pregações vemos que Jesus despetala o interesse e o fervor da multidão. Muitos são os que o seguem maravilhados; Sua doutrina os surpreende. E o próprio Jesus fica entusiasmado com esta recepção. É isto que o Evangelho de Marcos deixa transparecer. Temos Jesus entusiasmado por causa das multidões que o procuram para ouvir a Palavra de Deus. No entanto para os parentes a dedicação de Jesus ao anunciar o Reino traz preocupações. Ele não está se alimentando bem.  Pode ate ser que tenha enlouquecido. Estes pegam a mãe de Jesus, que como toda mãe sem duvida se preocupa com o filho e vão a procura dele para ver como ele está. E recebem como resposta aqueia frase dura que Jesus dirige não tanto aos parentes, mas à própria mãe. "Quem é minha mãe?" É como se este dissesse que mãe eu tenho? Imagine uma mãe ouvir isto de um filho. E Marcos ainda frisa que ele apontou para aqueles que estavam sentados ao redor dele e disse: estes que estão aqui agora são meus irmãos e minha mãe. Lucas em seu Evangelho vai amenizar dizendo que são todos os que (agora e no futuro) ouvem a palavra de Deus e a colocam em pratica. (L 8,21) Porem não há duvida que Jesus referia-se aqueles que o estavam ouvido naquele tempo. Aqueles que o seguiam. Toda vez que este texto é lido afirmam que Jesus fez um elogio indireto à sua mãe. Isto é claro para nós hoje. Mas não para os que o ouviram naquele tempo. Hoje sabemos por Lucas que Maria foi antes de tudo uma perfeita discípula de Jesus. (Lc 1,45; 2,19. 51) Mas não o sabiam os apóstolos e os seguidores de Jesus, ou seja, o povo.

            A descoberta de Maria como mulher de fé se dá após a Ressurreição quando ele e os ditos irmãos estão em oração no cenáculo com os apóstolos. (At 1,14). Provavelmente para muitos contemporâneos Jesus com esta afirmativa  deixou evidente um conflito familiar no qual a própria Mãe de Jesus parecia estar incluída. Teria Jesus desprezada a maternidade biológica de Maria? Muitos entendem que sim. Se não desprezou, no mínimo, não há considerou, neste caso.

            Mas se nos atentarmos na questão de parentesco carnal para os judeus percebemos que estes valorizavam demasiadamente o parentesco sanguíneo.  João Batista já os acusava de achar que receberiam o Reino de Deus pelo simples fato de serem filhos de Abraão. (Lc 3,8) E Evangelho de João mostra quantas vezes eles se orgulharam de ser o povo escolhido de Deus. (Jo 8,41)

            Jesus corrige esta ideia de que o Reino de Deus se adquire por herança. E o que o vinculo mais forte é o parentesco carnal. Acima deste está a fidelidade a Deus a qual todos nós somos chamados independente de sermos parentes carnais Do Senhor. A verdadeira família de Cristo se dá pela fé e não pelos laços de sangue. Se não houve um elogio Maria tampouco houve um desprezo intencional da parte de Jesus. Coube à Igreja depois descobrir na mãe de Jesus posteriormente o exemplo de quem entendeu a mensagem do Filho e perceber com o afirma Lucas que ela foi a primeira que sempre ouvia sua palavra e a guardava no coração.

Prof. Francisco Silva de Castro

segunda-feira, 11 de maio de 2015

AGRACIADA OU Ó AGRACIADA? (Cheia de Graça) L 1,28

by on 11:46





 



            O termo “agraciada” referindo-se à saudação do anjo Gabriel a virgem Maria,  das Bíblias protestantes, esta longe do verdadeiro sentido da palavra grega em relação à Mãe de Jesus. Para os protestantes Maria é agraciada como uma pessoa que recebeu um favor dentre tantas outras. Uma recebedora da graça e não a que esteve sempre com a Graça de Deus. A tal tradução na Linguagem de Hoje ainda é muito pior, pois traduz “Alegre-se Maria; você recebeu um grande favor.”    E eles entendem que o favor foi apenas conceber Jesus e depois tornar-se a mulher e a mãe dos filhos de José sem nada mais a ver com Jesus a não ser como uma crente comum. Não é este o sentido do termo  kecharitomene que indica uma ação começada no passado com continuidade no presente e no futuro e que não pode ser traduzido em português por uma única palavra. Teria que ser numa frase. “Tu que fostes, és e continuas a ser a Favorecida.” Só com o vocativo, “Ó agraciada,”  é que esta palavra se aproxima um pouquinho do sentido original, pois indica o  novo nome de Maria e não uma ação  momentânea para com a Virgem Maria, de modo que seria menos mal se houvesse o vocativo antes da palavra agraciada.

Prof. Francisco Silva de Castro
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