quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A SANTIDADE BÍBLICA, PROFÉTICA E TEOLÓGICA DE JOANA D´ARC.






         Na mentalidade popular santo é aquele que não peca. Não perde a paciência. Sofre calado, toda forma de injustiça e faz boas obras, principalmente dá muitas esmolas. É um tipo de pessoa raríssimo. Tanto que quando queremos justificar nossos defeitos dizemos quase que com orgulho: Não sou santo.
         Quando se conhecem os personagens da Bíblia, como Davi, Moisés, Josué e outros, que não foram sempre modelos de virtude e de paciência, as pessoas ficam escandalizadas com suas atitudes nada correta em certos fatos. E estes personagens foram verdadeiros santos. Porque na Sagrada Escritura o santo não é aquele que nunca pecou ou que deixou de pecar. É aquele que foi separado para Deus. (Ex 28,36-38) Que pertence a Deus e ao seu serviço. Santidade na Bíblia é uma escolha livre por Deus de uma criatura cheia de pecados em beneficio dos outros. Deus expressa isto em relação ao povo de Israel ao dizer que o escolheu não porque era melhor dos que os outros povos. Tudo o que pertence a Deus com a Arca da Aliança, o Templo, os pães da preposição e a própria Terra prometida é santo. E não apenas as pessoas são Santas.
         Não encontrei nenhuma outra forma de santidade mais próxima do conceito bíblico do que Santa Joana d´Arc. Ela não é igual aos outros santos em que após a conversão todos os defeitos humanos somem. Só  aparecem as virtudes em grau heroico. A santidade de Joana é originada numa eleição livre de Deus em favor do povo. “Agradou a Deus agir assim, por meio de uma simples virgem, para expulsar os inimigos do rei.” Disse ela justificado a sua vocação. Suscitada por Deus, toda sua vida se volta para agir de acordo com a missão que este lhe deu. E nunca esconde suas limitações, seus defeitos. Perde a paciência algumas vezes.  Em certos atos é agressiva porque os fatos não correspondem as suas expectativas e uma vez, até desobedeceu as vozes pulando de uma alta torre para escapar da prisão. Talvez estes fatos façam pensar que Santa Joana é menos santa do que os outros. Até mesmo porque foi fazer guerra e nesta época de pacifismo a qualquer custo uma santa guerreira desagrada modernistas e católicos sentimentais, tipo RCC ou  outros, em que tudo deve ser paz e amor.

         Santa Joana d´Arc encarna também o aspecto profético da santidade. Ela se define com uma mensageira do Rei dos Céus. Da verdade de Deus. É vontade de Deus que os ingleses deixem o território da França. É vontade de Deus que o Rei francês seja coroado rei de seu povo. Mensageira da verdade de Deus que não precisa justificar-se politicamente. Deus o quer, pode e ele faz. Mesmo através dos instrumentos mais frágeis. Não foi Davi o simples pastor,  eleito para eliminar o gigante inimigo do povo de Israel? Deus escolhe o que parece não ser,  para humilhar o que se acha.

         No sentido teológico a santidade é pertencer a Deus. É ser separado por Deus,  para servi-lo. Neste aspecto todos nós, que fomos chamados  a sermos cristãos, a sermos um povo consagrado a Ele, somos santos. Desde o nosso batismo. Porque fomos retirados do império o das trevas, do reino de Satanás e transplantados para o Reino de seu filho, por quem temos a redenção de nossos pecados. Então porque a Igreja canoniza (declara santos) alguns cristãos? Há católicos de primeira classe? Não somos todos chamados a sermos bons e fieis católicos? Sem dúvida! Mas há alguns que se destacam  com maior brilho. Não  apenas por seus méritos, e nem por  uma perfeição acima de sua humanidade.  Mas por uma eleição especial de Deus. Por uma vocação especifica. Com os profetas do povo de Israel. Como instrumentos separados por Deus em favor de todo um povo, como o foi Santa Joana d´Arc.
         Também se Roma não houvesse definido  e imposto limitações para as declarações da santidade de uma pessoa, as canonizações,  teríamos um festival de canonizados. A Igreja na América Latina teria canonizado Che Guevara e os ecumênicos Gandhi. Quando a Igreja canoniza, tem o objetivo de perpetuar a memoria daquele cristão católico, através de um culto especifico.  Na verdade, se traduz numa foram humana o testemunho de Cristo junto ao Pai da vida daquele servo.  Por isso,  suas imagens são expostas e templos são erguidos em sua honra, porem nunca para eles. As igrejas templos são dedicadas apenas a Deus.

         Santa Joana d´Arc é o exemplo mais evidente da  santidade que indica uma eleição de Deus para colocar uma pessoa a seu serviço. Muitas pessoas evitam  chamar Joana d´Arc de santa. E nem sabem que ela foi canonizada. Creio que alguns até se escandalizem com esta canonização. Muitas vezes já ouvi me corrigirem indiretamente, quando digo, algo em relação a Santa Joana d´Arc;  dizem em seguida Joana d´Arc e retiram o termo  santa. Talvez seja porque ela não é muito popular no Brasil e aparece em alguns centros de Umbanda. Mas as imagens Jesus também estão  nestes e também da Virgem Maria. Talvez seja uma reação ao conceito de santidade que se impôs na mentalidade popular. Santo não briga. Não faz guerra. Joana fez outra guerra; a maior guerra interior. Defendeu com sua própria vida  o fato  de haver sido suscitada por Deus e o segredo de  santidade consistiu em obedece-lo apesar de suas fraquezas. Ela mesma o disse: “Se eu dissesse que Deus não enviou condenaria.”

         Quando entendemos a santidade na forma bíblica, de pertença a Deus, da escolha livre de Deus, e da resposta livre e amorosa do escolhido, jamais haverá a separação do santo de sua fonte de santidade. Deus. E primeiramente ele não será cultuado como um ente sobre humano que nunca pecou o u cristão de primeira categoria. A graça de Deus é a mesma para todos. O chamado de Deus a santidade é um só.
Francisco Silva de Castro

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