quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

JOANA D´ARC: UMA MENSAGEM AO PACIFISMO RADICAL



Bento XVI, em sua catequese do dia 26 de janeiro desta ano de 2011, referiu-se à santa Joana d´Arc, como aquela que queria a paz entre os Estados cristãos, mas com justiça. Em tempos de pacifismo radical, de mobilização em favor da paz entre todos os povos, sejam eles cristãos ou não, muitos podem estranhar como uma cristã, seguidora do mestre da paz, da misericórdia e do amor, se disse enviada por este mesmo mestre, a quem ela considerava o Rei do céu , para fazer a guerra contra um povo também cristão. Para muitos católicos Joana d´Arc é uma contradição, por sua missão guerreira, à mensagem do Evangelho, que é de amor e de perdão. Um site católico, ligado à tradição, chegou a escrever um texto em que questionava a referencia do papa à Santa. Afirmava que participar de uma guerra contra outro povo era indigno de um santo. Sei que Jesus pregou a paz e o amor. O perdão aos inimigos e a oração em favor destes. Também considero frágil o exemplo de Jesus, ao expulsar os vendedores do templo, para justificar a guerra. Porém, há enorme distancia entre querer a paz, lutar para manter a paz, e recusar a legítima defesa. Principalmente a dos outros ou deixar um povo à mercê de uma ocupação estrangeira. Tanto as pessoas como as nações tem o direito e o dever de se defender de agressores. Sejam estes pessoas ou outros países. No entanto, a maior prova de que Jesus não recusou radicalmente qualquer ação violenta em favor da justiça e do direito, nos temos no Antigo Testamento. Em nenhum capitulo dos quatro Evangelhos Jesus condena a tomada de Canaã, ordenada por Deus a Moisés. Não condena Josué e nem Davi, que tomou a cidade de Jerusalém. Porem, o mais importante é que sendo Jesus, o Verbo eterno,antes da encarnação, estava presente e ordenara ele mesmo a conquista de Canaã. Basta comprovar que Deus manda Moisés ocupar uma terra que já era habitada por várias nações “Quando o Senhor teu Deus te houver introduzido na terra a que vais a fim de possuí-la, e tiver lançado fora de diante de ti muitas nações, a saber, os heteus, os girgaseus, os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus e os jebuseus, sete nações mais numerosas e mais poderosas do que tu;e quando o Senhor teu Deus tais tiver entregue, e as ferires, totalmente as destruirás; não farás com elas pacto algum, nem terás piedade delas..." Dt. 7, 1-2 . O próprio Deus justifica esta ocupação em Dt 9, 4-5"Depois que o Senhor teu Deus os tiver lançado fora de diante de ti, não digas no teu coração: por causa da minha justiça é que o Senhor me introduziu nesta terra para a possuir. Porque pela iniqüidade destas nações é que o Senhor as lança fora de diante de ti.Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela iniqüidade destas nações o Senhor teu Deus as lança fora de diante de ti, e para confirmar a palavra que o Senhor teu Deus jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó." Jesus se reconhecia com o Filho único deste Deus guerreiro. Embora tenha tornado evidente que este mesmo e único Deus era também o Pai misericordioso e que tanto cuidava como perdoava os pecados. Seria então o Deus de Jesus, outro Deus diferente do Deus do Antigo Testamento, como afirmou um herege? Pelo menos para Jesus não era, porque este mesmo identifica o Pai dele, como o Deus do povo de Israel."Respondeu Jesus: Se eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, do qual vós dizeis que é o vosso Deus" Jo, 8,54" O mesmo Jesus confessa que é Um só com o Pai. (J0. 10, 30) logo ele estava presente quando Deus ordenou a conquista de Canaã, pois antes que Abraão existisse ele afirma: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu Sou." O mesmo nome com o qual o Deus de Israel se revelara a Moisés."Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: “Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” Ex. 3,14.

E o próprio Apóstolo Paulo afirma que a pedra que conduzia o hebreus pelo deserto era o Cristo. "E beberam todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os acompanhava; e a pedra era Cristo" 1Cor 10,4 Se então o Evangelho de Cristo condena a ação guerreira de Joana d´Arc, primeiramente condenaria a ação guerreira ordenada pelo próprio Deus. E nem justifica dizer que os hebreus atribuíam a Deus o que eles mesmos fizeram. Que roubaram por ambição e justificaram o roubo como vontade Deus. E muito menos que o Deus do Antigo Testamento era outro: vingativo, sanguinário e exterminador. Pois nos profetas e nos livros de sabedoria este mesmo Deus é mostrado como amor e misericórdia. Nem Jesus e nenhum dos outros apóstolos comentaram com rejeição a conquista de Canaã ordenada por Deus. Pelo contrario, sempre a exaltaram como o maior beneficio feito por Deus ao povo escolhido. "o qual nossos pais, tendo-o por sua vez recebido, o levaram sob a direção de Josué, quando entraram na posse da terra das nações que Deus expulsou da presença dos nossos pais, até os dias de Davi" At 7, 45. Jesus como judeu sabia que a terra de Israel fora conquistada pelos hebreus. Foi tirada à força de outros povos. E isto por ordem de Deus. E Jesus nunca disse uma só palavra sobre esta violência militar. E por quê? Simplesmente pelo fato de que Deus havia escolhido para si um povo. E não foi por merecimento que eles iam receber aquela terra e exterminar aquelas nações. Mas porque estas não eram dignas de possuir a Terra. Suas iniqüidades clamavam por um castigo. A ação militar de Joana é completamente diferente. Ela não conduz à conquista de outro país. A guerra se dá toda no território francês que é vitima da ambição de outro rei, também cristão e que deveria saber que não é correto cobiçar as coisas alheias. E que mesmo tendo diretos, poderia como cristão verdadeiro, abrir mão deste direito e fazer como Jesus disse: se quiserem te levar a túnica deixa levar também o manto, se tal ação evitasse um mal maior. Joana apela para que os ingleses deixem de fazer a guerra e volte para o seu próprio país. Muito diferente da conquista de Canaã. Nesta, povos foram mortos e a terra foi tomada. Para os que acreditam que a ação guerreira de Joana é indigna de um santo ou de um cristão, devem saber que o Verbo, antes da encarnação estava com Deus e viu toda a guerra feita pelo povo escolhido para entrar na Terra, que segundo eles, Deus dissera dá aos filhos de Abraão. Então só tem uma saída: ou o Deus de Jesus e o Deus de Israel são diferentes, ou então Deus tem sim, o poder de interferir na História e até mesmo pela guerra fazer triunfar sua vontade. E Jesus sendo Deus verdadeiro foi quem ordenou a conquista de Canaã, enquanto o Filho de Deus que estava com Deus. (Jo 1,1) Pois antes de tornar-se homem estava junto do Pai e compartilhava como o Pai a sua ação na historia humana. Para os que desejam a paz a qualquer custo deveriam rejeitar junto com Joana a guerra e o próprio Deus de Israel. E para aqueles que entendem a guerra ser um ato indigno de um santo deveriam ver que também não seria digno de um Deus ordenar a guerra. Deus, de quem o Cristo, se dizia Filho. É claro que o cristão pede primeiramente a paz. Deseja a paz de todo o seu coração. E os mártires cristãos não pegaram em armas contra o Império Romana por dois motivos: primeiro porque seriam massacrados e depois porque naquela época e na situação bélica e alarmante do Império Romano, o mais eficaz testemunho era a resistência com o sacrifico da própria vida. Porem a ação dos primeiros mártires não invalida o direito à legitima defesa.

Ninguém é obrigado a admirar Joana d´Arc por sua ação guerreia. Mas justificar sua rejeição baseado no fato de que a um santo cristão é indigno fazer guerra, deve ficar ciente de que agindo dessa forma, não rejeita Joana, mas o próprio Deus, que é o mesmo tanto no Antigo como Novo Testamento. Deus este, do qual Jesus, nunca teve vergonha de se dizer Filho.






Um comentário:

  1. Isso mesmo! Chega de hippies paz e amor!
    Paz, sim; covardia, não!
    Imagine a civilização ocidental sem as cruzadas contra os infiéis maometanos ou os hereges: a Europa devastada pelos sarracenos e otomanos, a heresia como religião e a Igreja destruída e pisoteada.
    Viva Santa Joana D'Arc!

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