DEUS DOS EXÉRCITOS E O DEUS DO AMOR
by
Prof. Francisco Castro
on
08:38
Eu
diria que o senhor padre descobriu uma leitura adaptada do Antigo Testamento
nesta questão. Possível só para o Cristão, mas que deixa em aberta a questão:
mandou Deus ou não mandou fazer guerra aos cananeus? Não foi a Terra prometida
tomada pela guerra? E ainda mais em que parte do Novo Testamento Jesus afirmou
que Deus havia errado em tomar a terra prometida dos cananeus e dá-la aos
judeus? Em nenhuma. Jesus era judeu e ele também aceitava que aquele povo e aquela
terra era dom de Deus. Na verdade Jesus se diz o Filho desse Deus dos Judeus.
"Aquele que dizeis que é o vosso Deus." E a Igreja confirma que sendo
Jesus Deus ele como Deus ordenou a tomada da Terra prometida a força pela
guerra. Nas antífonas do ó, uma delas, se refere a Jesus com o Deus que se manifesta
na sarça ardente e fala com Moisés. Então acredito que a melhor leitura que se
pode fazer do Antigo Testamento e a apartir da onipotência e principalmente da onisciência
de Deus. Só Deus sabe o que é verdadeiramente o bem e verdadeiramente o mal. Os
desígnios de Deus são desconhecidos e incompreendidos pelos homens. Deus nunca é injusto porque só ele
conhece o fim das causas por mais estranhas ou cruéis que nos pareçam. Alem
disso, para cada natureza uma ação adequada. O povo do Antigo Testamenta estava cercado de povos violentos e idolatras .
Era necessário ser militante, forte e guerreiro, até para sobreviver. E também
se fazia necessário mostrar poder, intervenção e força, para que estes
acreditassem no único Deus verdadeiro Lembremos que se Israel houvesse poupado
os povos pagãos, estaria sempre ameaçado de aderir a idolatria e até de ser extinto.
Deus permitiu as guerras para evitar um mal maior do que esta e também porque
soube tirar desta um bem muito maior. O triunfo do monoteísmo que venceria o politeísmo,
através da fidelidade do povo judeu. E preparava todo o mundo para a fé em
Cristo.
O Deus do Antigo Testamento é o mesmo e único
Deus e o Jesus do Novo Testamento é o mesmo Deus do Antigo. Em certas partes do
Evangelho o mesmo é capaz de dizer: "Quanto àqueles que não me queriam
para rei traze-os aqui e os degolai em minha presença." e também:
"Ide malditos para o fogo eterno." Palavra dura, mas que exprimem a
realidade da separação total do pecador de Deus. Talvez tenha por isso que a
Igreja nunca condenou formalmente a guerra justa. E até mesmo incentivou a
guerra em defesa da fé. Como Moises também orou pela vitória do povo judeu a
Igreja orou pela vitória dos cruzados. Aliás se os cristãos fossem unidos na época
da expansão muçulmana no século VII, as cruzadas
nem teriam acontecido porque estes teriam derrotados os muçulmanos logo no
começo e não teriam perdido toda a Ásia menor e o norte da África, que era
cristão. O escanda-lo maior não foi a Guerra contra infiéis ou pagãos. Foi
guerra entre reinos cristãos. Reinos que adoravam o mesmo Cristo. Este foi o
maior pecado da Cristandade. Infelizmente muito comum na época. Muitos santos
até tentaram unir os briguentos cristãos contra o inimigo comum.
Temos um grande exemplo do Deus dos exércitos atuando já no mundo cristão na ação guerreira de Santa Joana d'Arc, que não temeu afirmar que fora enviada por DEUS para batalhar e por Deus receber a vitória. E a Igreja a canonizou, não por ser guerreira, poderia dizer, mas foi como guerreira que ele viveu a santidade. Como disse um escritor sobre ela. “E na guerra o trunfo do diabo, insinuou o Espirito de Deus”. Na verdade o Espirito de Deus sempre fez a guerra a toda forma de mal, de idolatria, de mentira e de opressão. Porque é o mesmo e único Deus. Deus do amor e da misericórdia, mas também o Deus dos exércitos.